Um Olhar Demorado...

Antes do nascer do sol lá estávamos em Pireus. Esperando. Compramos os tickets com antecedência pela internet mas não sabíamos como funcionava. Chegamos cedinho no porto para nos informar. Mineiro não pode perder a balsa, né?! Lá pelas 07h00 já havia fila... Gente de todo lugar do mundo. Uma confusão organizada. Finalmente nos liberaram para entrar. Depositamos nossas malas com angústia em um compartimento sem identificação alguma... Todas as malas ficavam lá. Meio jogadas pelo piso do  barco... Deve ser pra começar a entrar no clima relax das ilhas gregas... Nosso destino: Mykonos. Um lugar maravilhoso.  Com casinhas brancas enfeitando a orla. A balsa nos levou como em um sonho... Chegamos no hotel a tempo de tomar café da manhã com a vista do mar Egeu: frutas, iogurte com mel, pães e queijo feta. O gerente entusiasmado surgiu com um mapa nas mãos.  Recomendava: essa praia é familiar, essa outra é mais selvagem, essa outra é pra baladas, etc... Quase a...

Os primeiros acordes toca ra m no Grande Teatro da capital.  “ Ah, como  Tchaikovsky  é magistral !  ” Naquele instante , Ana era nostalgia.  As notas  iniciais da orquestra a guiaram  às  aulas de dança de sua infância: as amizades, a pr ofessora, as músicas,  os tutus . Voou  até aquela n oite  de dezembro em   que seus pa is lhe levaram para assistir ao Ballet,  “O Quebra-Nozes ” .   Ao sentar -se entre eles  na poltrona acolchoada d o imponente teatro ,   desejou tanto que se reconciliassem . Imaginou  ser uma grande fada que pudesse torna-los casados e felizes novamente.   Enquanto os bailarinos flutuavam no pa lco, o coração  de Ana  bailava em acordes intensos nas  suas ilusões pueris. Ela apaixonou-se   pelo espetáculo. Sonhava  dia sim ,  dia não,  com o   Grand  Pas  de  Deux :  f oram  horas ...

 Alguns destinos, mais que outros, sempre  estiveram envolvidos em  fascínio:  Atenas, Cairo, Jerusalém,  Roma.  "Será que um dia irei conhecer a Grécia..." -  pensava. Aquele deslumbre da adolescência cristalizou-se no imaginário. Quando finalmente estivemos em Atenas, ainda que por alguns dias, entre aquelas ruínas, o imaginado tornou-se realidade concreta. Com texturas. Sombras. Aromas. Sabores. Uma viagem muito idealizada e bem planejada.  Partenon     Vista da Acrópole Chegamos em uma tarde ensolarada, em setembro, no  finalzinho do verão. O calor impregnava nossa pele numa sensação de sauna. Tomamos o metrô meio confusos com as palavras escritas em grego. Logo nos acalmamos: todos nos  entendiam de algum modo.   Acrópole à noite Plaka foi o lugar que escolhemos para hospedagem. Um bairro peculiar: antigo pra caramba, mas ainda vib...

Um raio de sol iluminava meu rosto  às 06 da manhã em pleno domingo. Não foi o brilho do sol que me fez despertar naquele horário: foram as palavras matinais de meu bebê. Ele me pedia a mamadeira ao seu modo balbuciante de se expressar. Na movimentação das horas de domingo, fui dançando conforme a música: preparar mamadeira; trocar fraldas; coar café; tirar pijamas... Mais tarde, a lembrança daquele raio de sol que entrava pela fresta da janela me instigou. Até a semana anterior, não havia aquela luz estreita avançando pelas fendas às 06 da manhã. Fiquei a divagar sobre isso. Sobre a alteração da posição do sol e da Terra nas últimas semanas do inverno. Era 1º de setembro. Domingo. Desde criança tenho uma sensação de expectativa para o mês. Recordações de família. Muitos momentos ao embalo de “Sol de Primavera”, de Beto Guedes, podem ter sedimentado em meu subconsciente uma espera por essa época do ano. Inicia-se o último trimestre do ano. Outra...