Primeiro de Setembro

Um raio de sol iluminava meu rosto às 06 da manhã em pleno domingo.

Não foi o brilho do sol que me fez despertar naquele horário: foram as palavras matinais de meu bebê. Ele me pedia a mamadeira ao seu modo balbuciante de se expressar.

Na movimentação das horas de domingo, fui dançando conforme a música: preparar mamadeira; trocar fraldas; coar café; tirar pijamas...

Mais tarde, a lembrança daquele raio de sol que entrava pela fresta da janela me instigou. Até a semana anterior, não havia aquela luz estreita avançando pelas fendas às 06 da manhã. Fiquei a divagar sobre isso. Sobre a alteração da posição do sol e da Terra nas últimas semanas do inverno. Era 1º de setembro. Domingo.

Desde criança tenho uma sensação de expectativa para o mês. Recordações de família. Muitos momentos ao embalo de “Sol de Primavera”, de Beto Guedes, podem ter sedimentado em meu subconsciente uma espera por essa época do ano.

Inicia-se o último trimestre do ano. Outra oportunidade de reflexão para terminar o ciclo
.
Luminoso como ele é, setembro tem trazido inspiração. Fragmentos de ideias para novos projetos. Alegria pelos detalhes do cotidiano movimentado. Anseio por autoconhecimento. Gratidão pelos acolhimentos recebidos. Muita gratidão.

Lavo e guardo os casacos, cobertores e edredons de inverno. As botas, gorros e cachecóis também. Resgato roupas coloridas  do maleiro do armário. Tento preparar a casa e a mim mesma para a nova estação que vem vindo.

Setembro marca o início da primavera e das chuvas no hemisfério sul. Época favorável para o plantio na lavoura. Esse ano o mês chegou com tudo: sol, luz, calor, estiagem...  Cadê a chuva?

Nesses dias, andar pelas ruas e encontrar os ipês floridos em meio à aridez do clima tem sido um festejo. Ao menor sinal do vento as flores caem cumprindo seu papel divino de ser flor.

Lembro do Japão e suas cerejeiras. Lá, entre os meses de março e abril, aguarda-se o florescer das Sakuras. Anualmente, eles têm o Hanami. Uma festa tradicional em que se celebra ao ar livre a efemeridade desse evento. Efemeridade porque as flores duram poucos dias. As árvores, no entanto, permanecem e aguardam o próximo ciclo para tornar a florir.

Enquanto os Ipês vão desabrochando, experimento meu próprio “Hanami”. Nesse dia a dia digitalizado, fotografo as belezas que se desdobram à minha vista. 

Festejo as floradas e os ciclos. A efemeridade e a constância. Ipês amarelos, rosas, roxos, brancos. Entra ano; sai ano. Lá estão elas: As árvores. Quando as flores caem; as folhas brotam; tudo recomeça. Simbolizo novos projetos de sempre para as próximas estações.

Quem aí já parou para ver um ipê florido neste setembro?

Quem mais já iniciou os planos para o novo ciclo que se aproxima?

Fotos: Jomara C Ribeiro
App: VSCO e Rookie Cam

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A sun ray lighted my face at 6 am that Sunday. 

It was not the sunshine that woke me up at 6 AM. My baby first morning words did that. He was asking for a milk bottle in his baby babbling manner.

In our daily routine I was going with the flow: preparing milk bottle; changing diapers; making coffee; taking out pijamas…

Hours later, I remembered sunlight entering my window. Until the previous week, there was no sign of light by the window at 6 AM. I wondered about it. About the position of the sun and the Earth at these last weeks of Winter. It was September 1st. Sunday.

Since my childhood I remember I had such an expectation towards this month. Some family recollection. Several special moments listening to "Sol de Primavera", by Beto Guedes, may have sedimented in my subconsciousness such hope for this time of the year.

It marks the beginning of the last trimester of the year. Oportunity to think about the end of my annual cycle.

Shining as it is, September has brought inspiration. Fragmented ideas for new projects. Joy for the details of our busy day to day life. Urge for self-knowlegde. Thankfulnewss for the blessings. Truly Gratitude.

 In South Hemisphere, time to clean and keep winter clothes. Time to take spring/summer clothes out of the closet: preparing my house and myself for the new coming season.

September opens Spring season and rainy days for us in South Hemisphere. It’s a favorable time to start crops planting. This year September came bringing: light, sun, heat, drought. Where is the rain?

During these days, walking through the streets and finding Ipês (Tabebuias) in bloom amidst the dryness of this weather has been a joy. At the slightest sign of wind flowers fall from the trees meeting their divine deed.

I remember Japan and its cherry blossoms. There, between March and April, they wait for Sakuras blooming. Annually, they have their Sakura Festival: Hanami. It is a traditional party when they celebrate in open air the ephemerality of this event. Ephemerality because the flowers only last a few days. The trees, however, remain and wait for the next cycle to flourish again.

I keep trying my own “Ipês Hanami” on my way. I photograph the beauties unfolding at my sight amid my hectic digital daily life.

Celebrating the blossoms and their cycles. Transitory and constancy. Yellow, rose, purple, white Ipês. Year after year. There they are. The trees. When falling their flowers; leaves come; all recommence. They symbolize to me new old same projetcs to come during the next seasons.

Who has already stopped to see a blooming Ipê this September?

Who else has already begin  planning for the new season to come?

Photos: JCR

App: VSCO and Rookie Cam.